Um ambiente degradado pode corromper as pessoas?
Em 1971, o professor de psicologia Philip Zimbardo, da Stanford University, realizou um experimento cujo objetivo era observar o que aconteceria com pessoas comuns, supostamente de boa índole, num ambiente de degradação - no caso, uma prisão.
Para tal, foram adotados os seguintes procedimentos:
1) No subsolo de um prédio da universidade, foi preparado o cenário de uma prisão, monitorado por câmeras 24 horas por dia.
2) De um grupo de 70 estudantes voluntários, 24 foram selecionados com base em testes psicológicos e de saúde. Em sua maioria, os participantes eram homens jovens, brancos e de classe média.
3) Foram sorteados 12 participantes para serem os guardas. A eles foram entregues uniformes, cassetetes de madeira e óculos escuros. Os guardas atuariam em turnos, podendo voltar para casa nos intervalos.
4) Os demais 12 participantes seriam os prisioneiros. Eles usariam aventais sem roupa de baixo, sandálias de borracha e uma corrente presa ao tornozelo. Além disso, passariam a ser designados por números e não mais por seus nomes. Deveriam ficar no cenário da prisão durante todo o período de experimento.
5) Aos guardas foi designada a responsabilidade de manter a ordem do lugar, sendo que o próprio Zimbardo atuaria como “supervisor” em casos de dúvidas e abusos.
6) Aos prisioneiros nada foi dito. Simplesmente foram presos pela polícia local (que cooperou com essa parte do experimento), fichados e encaminhados para o ambiente de prisão.
Como o experimento chegou ao fim?
Apesar de programado para durar 2 semanas, o experimento foi encerrado após 6 dias, pois a situação começou a ficar fora de controle.
O problema começou quando, numa das sessões de visita, uma das psicólogas convidadas (Christina Maslach - namorada e futura esposa de Zimbardo) manifestou sérias discordâncias a respeito do estudo que vinha sendo realizado.
Ela havia conversado com um dos rapazes que fazia papel de guarda, quando ele aguardava o início de seu turno. Depois, acompanhando a movimentação pelas câmeras, junto com outros visitantes, ela foi informada que um guarda vinha apresentando comportamento muito agressivo e constatou que era justamente o rapaz com o qual ela havia conversado. Estranhou o fato, pois ele havia se mostrado muito simpático e tranqulio. Porém, uma vez no cenário da prisão, ele mudava de comportamento, começava a agir, a falar e até mesmo a andar de forma diferente (ganhou o apelido de “John Wayne”).
Quando, mais tarde, ela viu os guardas levando os prisioneiros para o banheiro com capuzes na cabeça, começou a se sentir mal por causa da forma agressiva com que eles se comportavam. Começou a chorar e teve que deixar o lugar. Acabou discutindo com Zimbardo sobre o que estava de fato acontecendo ali e isso levou o professor a finalizar prematuramente o experimento.
RESULTADOS:
Durante os 6 dias do experimento, foram registrados os seguintes resultados:
1) Os voluntários que faziam o papel de guardas passaram a se comportar de forma sádica. A maioria se mostrou decepcionada quanto o experimento chegou ao fim.
2) Os voluntários que faziam papel de prisioneiros passaram a demonstrar distúrbios emocionais (como confusão mental e crises de choro). No geral, aceitavam os sofrimentos e humilhações impostos pelos guardas.
3) Apesar dos grupos (guardas e prisioneiros) terem sido escolhidos por sorteio, os que foram escolhidos como prisioneiros disseram ter pensando que os guardas foram escolhidos por terem físico mais avantajado. Na realidade, não havia significativa diferença de estatura entre os dois grupos.
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