O conceito de custo de oportunidade de capital se
baseia na noção de que os recursos investidos na empresa poderiam ter sido
direcionados para outro negócio, ou então aplicados no mercado financeiro.
Dessa forma, dado um nível de risco suportável pelos acionistas do empreendimento,
o lucro final do período é confrontado com a expectativa de lucro de outras
oportunidades de investimento.
Representa o Custo de Oportunidade o quanto a empresa sacrificou em termos de
remuneração por ter aplicado seus recursos numa alternativa ao invés de em
outra. Se usou seus recursos para a compra de equipamentos para a produção de
sorvetes, o custo de oportunidade desse investimento é o quanto deixou de
ganhar por não ter aplicado aquele valor em outra forma de investimento que
estava ao seu alcance.
Normalmente esse tipo de comparação tende a ser um
pouco difícil, em função principalmente do problema do risco. Aquela firma
poderia usar seus recursos na compra de um prédio para fins locativos; o que
ganharia de aluguel é uma boa forma de medir o custo de oportunidade do
investimento na fábrica de sorvetes? O grau de risco de um e outro
empreendimento são bastante diferentes, e por isso a comparação entre os
retornos é também sem muito sentido.
Duas alternativas poderíamos analisar, sem entrar em
muito detalhe: ou entendemos o custo de oportunidade com relação a outro
investimento de igual risco ou tomamos sempre como base o investimento de risco
zero, que seria, no caso brasileiro, em títulos do Governo Federal, ou a
Caderneta de Poupança. (Martins, p.
250)
O conceito de custo de oportunidade não se aplica
exclusivamente ao retorno do capital. Além de servir de parâmetro para análise
de investimentos e comparação de resultados entre oportunidades excludentes,
pode ser utilizado para avaliação de fatores como oportunidades de trabalho:
Por exemplo, se um indivíduo trabalha na sua própria
firma, então o trabalho é um insumo e deve ser contado como parte dos custos. O
seu salário é simplesmente o preço de mercado do seu trabalho – o que ele obteria
se estivesse vendendo sua força de trabalho no mercado. Igualmente, se um
fazendeiro possui alguma terra e a utiliza na sua produção, essa terra deve ser
avaliada aos seus preços de mercado para fins de cálculo de custos econômicos.
Nós temos visto que custos econômicos como estes são
frequentemente chamados de custos de oportunidade. O nome vem da idéia de que
se você está empregando seu trabalho, por exemplo, em uma aplicação, você perde
a oportunidade de empregá-lo em outra parte. Portanto esses salários perdidos
fazem parte dos custos de produção. De forma semelhante com o exemplo da terra:
o fazendeiro possui a oportunidade de arrendar sua terra a outra pessoa, mas
ele escolhe perder essa renda de aluguel para arrendar a terra para si mesmo. A
renda perdida é uma parte do custo da sua produção. (Varian, p. 352)
Apesar do custo de oportunidade ser de fato um custo do
negócio, isso não significa que o mesmo deva ser incluído nos custos apurados
nas demonstrações de resultado. Sua análise se dá posteriormente, com base na
comparação do resultado final do período considerado, usando o lucro atingido
como forma de avaliar a eficiência do investimento realizado.
Desta forma, o conceito de lucro econômico vem a
diferenciar-se do lucro apurado nas demonstrações de resultado (lucro
contábil), ao deduzir o custo de oportunidade do capital:
O lucro contábil é um dos mais tradicionais
parâmetros de avaliação de desempenho econômico. Quando relacionado com o
investimento total ou com o patrimônio líquido, fornece as duas medidas
clássicas de avaliação empresarial.
Entretanto, as limitações do lucro contábil sempre
foram conhecidas. A principal delas é que custo contábil não inclui o
custo-oportunidade do capital investido.
Uma empresa pode apresentar lucro líquido contábil,
considerado satisfatório pela óptica convencional, mas insuficiente quando se
leva em conta o ganho que poderia ter obtido caso o patrimônio líquido
estivesse investido no mercado financeiro.
(...) Mesmo com a grande aceitação do conceito de lucro
econômico, existem duas dificuldades principais para o seu cálculo; estabelecer
a taxa de juros para o cálculo do custo do capital e determinar o real valor do
patrimônio líquido.
Quanto à taxa de juros, o mais lógico seria utilizar
um valor médio que refletisse uma tendência de longo prazo. Sobre o patrimônio
líquido, os valores constantes da contabilidade costumam estar defasados do
valor de mercado, ainda que sejam atualizados monetariamente.
Um valor de lucro econômico positivo significa que a
empresa foi mais eficiente em sua atividade do que teria sido aplicando no
mercado financeiro. Quando o lucro econômico é negativo, a interpretação se
inverte. (Santos, p. 240-241)
A partir da noção de custo de oportunidade,
desenvolveu-se o conceito de EVA (Economic Value Added, ou Valor
Econômico Agregado), o qual estabelece que o lucro alcançado deve ser deduzido
de um rendimento mínimo exigido pelos acionistas, que seria o custo do capital.
O retorno do negócio seria, desta forma, apenas o excedente do custo de
oportunidade, não sendo constatada efetiva geração de riqueza (lucro) antes
desse momento.
O EVA, como medida de desempenho, tem sido parte da
caixa de ferramentas de economistas há mais de 200 anos. Em sua forma mais
fundamental, EVA (valor econômico agregado ou adicionado) é a simples noção de
lucro residual. Ou seja, para que investidores realizem uma taxa de retorno
adequada, o retorno deve ser grande o suficiente para compensar o risco. Assim,
o lucro residual é zero se o retorno operacional de uma empresa for apenas
igual ao retorno exigido em troca do risco. É claro que o retorno exigido é um
custo de capital tanto para dívida quanto para capital próprio. (Ehrbar, p. VII)
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA:
EHRBAR, Al. Eva: valor
econômico agregado. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 1999.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração financeira da pequena e média empresa. São Paulo:
Atlas, 2001.
VARIAN, Hal R. Microeconomia: uma abordagem moderna. Rio de Janeiro:
Campus, 1994.