O 2° Fórum Liberdade e Democracia ("Propostas
Para um Novo Ciclo") foi caracterizado pela crítica feroz ao Partido dos
Trabalhadores (PT), com destaque no posicionamento contrário ao projeto de
poder do Foro de São Paulo.
Seguem apontamentos que realizei:
1° Painel:
Cenários Políticos Para um Novo Ciclo
Guilherme Fiuza destacou o fenômeno da intolerância
por parte de esquerdistas, o que tem verificado pessoalmente. Disse que,
recentemente, esteve em duas palestras onde foi interrompido por pessoas
protestando e que, mesmo depois de dar palavra a esses indivíduos, não lhe
deram o direito de resposta (continuaram berrando durante sua fala).
Fiuza observou que os governos petistas aproveitaram
um período de conjuntura internacional favorável, somado às reformas
institucionais realizadas no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). Esse cenário
se mostrou contrário ao movimento de impeachment
do presidente Lula, quando estourou o escândalo do "mensalão". Porém,
tal conjuntura não se verifica agora, de modo que o atual escândalo do
"petrolão" propicia oportunidade para combater as práticas do PT. O
cenário econômico negativo, que começa a se delinear, também será um grande
problema de sustentação do próximo governo de Dilma Rousseff.
Destacou, ainda, a decisão absurda do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), na véspera da eleição presidencial, de proibir a
revista Veja de divulgar a capa de sua edição. Disse que o controle da imprensa
é algo a ser temido, pois trata-se de um plano antigo do PT.
Marcelo Madureira enfatizou as perspectivas ruins do
cenário econômico e o caráter anti-democrático do PT - "O PT faz da
mentira a prática política". Por isso, ele aposta num ciclo de acirramento
das divisões, como se verifica nos discursos separatistas.
2° Painel:
Vinte Anos do Plano Real - Passado, Presente e Futuro
O economista Claudio Porto destacou que o Produto
Interno Bruto (PIB), na média dos últimos 4 anos, apresenta crescimento de
apenas 1,6%. E as perspectivas para 2015 não são boas, com queda nos preços de
itens comercializados pelo Brasil e aumento nos juros americanos. Por isso,
dentre os cenários possíveis, não se deve descartar a possibilidade de
"argentinização" do país.
Rodrigo Constantino disse que, ao contrário da
justificativa governamental, não existe uma crise econômica internacional
afetando o Brasil. A crise foi restrita a países desenvolvidos (por isso Dilma
fez comparação com a Alemanha na campanha política) e chegou mesmo a favorecer
os países emergentes. Além disso, o período de governo do PT foi beneficiado
pelas mudanças institucionais do governo FHC, pelo bônus demográfico e pelo crescimento
da China. Porém, fazendo uso de uma política econômica inadequada, com ênfase
no consumo e aspectos ideológicos, o governo perdeu uma janela de oportunidade.
Vivemos um período de prosperidade ilusória e, agora, começamos a pagar essa
conta em um cenário de falta de competitividade, com péssima infraestrutura, necessidade
de reformas legais, mão de obra desqualificada etc.
Constantino espera que os próximos 4 anos sejam
marcados pela mesma política econômica ou pior (simbiose entre Estado, sindicatos
e alguns grandes empresários). Por outro lado, tem verificado o surgimento de
um movimento de oposição, inclusive na juventude, e acredita que a insatisfação
com a economia deverá aumentar o antagonismo contra o PT.
Hélio Beltrão observou que o governo vem manipulando
os índices de inflação e não respeita mais o sistema de metas. Porém, destacou
que essa situação caracteriza a dependência da burocracia estatal, fato comum
nas sociedades modernas. A solução seria diminuir a interferência do Estado
sobre a sociedade. Nesse sentido, destacou que crises econômicas têm sido
constantes, principalmente desde quando o padrão ouro foi abandonado pelos
Estados Unidos em 1971, de modo que defende mudanças graduais para redução do
poder do Banco Central (e, no limite, sua própria extinção - não se trata de
discussão entre autonomia ou independência, como enfatizado na campanha
política).
Por fim, Beltrão observou que o Brasil apresenta um
cenário institucional muito complexo, o que dificultaria a implantação do
sistema bolivariano desejado pelo governo.
3° Painel:
Política Externa Brasileira e a Relação Com a América Latina
O senador boliviano refugiado Roger Pinto Molina,
oposicionista ao governo de Evo Morales, foi resgatado em 2013 numa operação que
contou com participação do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e do diplomata brasileiro
Eduardo Saboia (que não pôde comparecer ao fórum).
Roger Molina disse que 20% da economia da Bolívia
está calcada no plantio da coca, que por sua vez é controlado por um grupo
ligado ao governo. A produção é muito maior que a necessária para o consumo
local (hábito de mascar folha de coca), de modo que há ligação direta com o
narcotráfico internacional.
Molina informou que a operação de estatização dos
ativos da Petrobras na Bolívia, em 2006, foi tomada por Evo Morales após
consulta a Hugo Chávez e Fidel Castro - o que destaca a existência de um poder
supranacional na América Latina.
Alertou que, na Bolívia, eles não se deram conta do
processo de tomada do poder pelo bolivarianismo. Quando perceberam, tudo já
estava aparelhado. Por isso, ele vê que o Brasil tem uma vantagem, pois esse
processo está sendo percebido com maior antecedência.