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27 de jan. de 2020

Red Cocaine


Red Cocaine ("Cocaína Vermelha - A Narcotização da América", na edição em português), é um livro controverso, que enseja reflexões sobre a atuação dos agentes políticos em práticas criminosas internacionais, inclusive no que diz respeito à relação entre estados.


Particularmente quanto à atuação de estados enquanto agentes influenciadores do tráfico de drogas internacional, o autor considera o conceito de psicopolítica ("psychopolitics"), como apresentado na teoria comunista, de dominação dos povos pela implantação de práticas subversivas no seio das sociedades.
Como defendido pelo teórico marxista Antonio Gramsci, a ideia seria a infiltração revolucionária nas instituições de uma sociedade, como forma de enfraquecer seus valores morais e crenças, gradativamente impondo um processo de radicalização cultural, que resultaria na transformação política e econômica - por mais doentio que isso possa parecer.
Assim, a disseminação do uso de drogas é combinada com um discurso político de radicalização de minorias, descambando no "politicamente correto", como forma de promover o pensamento revolucionário no âmago das sociedades ocidentais.


Nesse contexto, é tese central do livro que a disseminação de drogas pelo mundo, e particularmente nos Estados Unidos após a II Guerra Mundial, é algo planejado, inclusive no que diz respeito ao direcionamento do uso de drogas para a juventude - meio de influenciar o comportamento das novas gerações para, eventualmente, enfraquecer o paradigma capitalista representado pelos Estados Unidos.
Aponta o autor que o tráfico de drogas internacional, em grande parte, estava sobre influência e planejamento do regime soviético, contando com laços operacionais com Cuba e China, além da participação de outros países da cortina de ferro.
Estima-se que, em 1967, de 31% a 37% do tráfico internacional de drogas estaria sob controle do bloco soviético. Mesmo com o fim do regime soviético, cabe observar que Rússia e China ainda não são democracias, bem como agências de grande influência, como a KGB, continuam ativas sob novas denominações (no caso, FSB).
Diante de evidências, informações e interpretação a respeito, o autor se pergunta como a ofensiva soviética no tráfico internacional de drogas não foi publicamente denunciada e diretamente combatida pelos governos americanos.
Para o autor, os agentes com autoridade a respeito no governo do Estados Unidos optaram por não agir de forma efetiva, em parte por motivo de corrupção e interesse de grupos políticos e econômicos de influência na própria sociedade americana (como se observa não apenas em políticas governamentais, mas na mídia, universidades, livros etc.) - situação que se manteria até o dias atuais.
Isso implica em algumas reflexões sobre o nível de entrosamento nas escalas mais altas dos governos, como agentes que agem primeiramente em prol do interesse próprio, em detrimento do bem estar das sociedades que representam.
Desse modo, o autor conclui que a disseminação do uso de drogas nas sociedades ocidentais, ao longo do tempo, não reflete a decadência e superação dessas sociedades, mas algo sistematicamente imposto, plantado - enfim, uma agenda política subversiva para desestabilizar o modelo social calcado na liberdade política e econômica, em contraponto à tirania que caracteriza a ideologia socialista.
O autor não tem esperança no eventual sucesso de políticas de combate ao tráfico de drogas, o que se observa ao longo do tempo.

BIBLIOGRAFIA:
DOUGLASS, Joseph D. Red Cocaine: the drugging of America and the West. 2nd. ed. Edward Harle Limited, 1999.