Red Cocaine ("Cocaína
Vermelha - A Narcotização da América", na edição em português), é um livro
controverso, que enseja reflexões sobre a atuação dos agentes políticos em
práticas criminosas internacionais, inclusive no que diz respeito à relação
entre estados.
Particularmente quanto à
atuação de estados enquanto agentes influenciadores do tráfico de drogas
internacional, o autor considera o conceito de psicopolítica ("psychopolitics"),
como apresentado na teoria comunista, de dominação dos povos pela implantação
de práticas subversivas no seio das sociedades.
Como defendido pelo teórico
marxista Antonio Gramsci, a ideia seria a infiltração revolucionária nas
instituições de uma sociedade, como forma de enfraquecer seus valores morais e crenças,
gradativamente impondo um processo de radicalização cultural, que resultaria na
transformação política e econômica - por mais doentio que isso possa parecer.
Assim, a disseminação do uso
de drogas é combinada com um discurso político de radicalização de minorias,
descambando no "politicamente correto", como forma de promover o
pensamento revolucionário no âmago das sociedades ocidentais.
Nesse contexto, é tese central
do livro que a disseminação de drogas pelo mundo, e particularmente nos Estados
Unidos após a II Guerra Mundial, é algo planejado, inclusive no que diz
respeito ao direcionamento do uso de drogas para a juventude - meio de
influenciar o comportamento das novas gerações para, eventualmente, enfraquecer
o paradigma capitalista representado pelos Estados Unidos.
Aponta o autor que o tráfico
de drogas internacional, em grande parte, estava sobre influência e
planejamento do regime soviético, contando com laços operacionais com Cuba e
China, além da participação de outros países da cortina de ferro.
Estima-se que, em 1967, de 31%
a 37% do tráfico internacional de drogas estaria sob controle do bloco
soviético. Mesmo com o fim do regime soviético, cabe observar que Rússia e
China ainda não são democracias, bem como agências de grande influência, como a
KGB, continuam ativas sob novas denominações (no caso, FSB).
Diante de evidências,
informações e interpretação a respeito, o autor se pergunta como a ofensiva
soviética no tráfico internacional de drogas não foi publicamente denunciada e
diretamente combatida pelos governos americanos.
Para o autor, os agentes com
autoridade a respeito no governo do Estados Unidos optaram por não agir de
forma efetiva, em parte por motivo de corrupção e interesse de grupos políticos
e econômicos de influência na própria sociedade americana (como se observa não
apenas em políticas governamentais, mas na mídia, universidades, livros etc.) -
situação que se manteria até o dias atuais.
Isso implica em algumas
reflexões sobre o nível de entrosamento nas escalas mais altas dos governos,
como agentes que agem primeiramente em prol do interesse próprio, em detrimento
do bem estar das sociedades que representam.
Desse modo, o autor conclui
que a disseminação do uso de drogas nas sociedades ocidentais, ao longo do tempo,
não reflete a decadência e superação dessas sociedades, mas algo
sistematicamente imposto, plantado - enfim, uma agenda política subversiva para
desestabilizar o modelo social calcado na liberdade política e econômica, em
contraponto à tirania que caracteriza a ideologia socialista.
O autor não tem esperança no
eventual sucesso de políticas de combate ao tráfico de drogas, o que se observa
ao longo do tempo.
BIBLIOGRAFIA:
DOUGLASS, Joseph D. Red Cocaine: the drugging of America and the West.
2nd. ed. Edward Harle Limited, 1999.