Entendo que empresas de pequeno porte (e quiçá médio) não devem se preocupar em formalizar missão e visão, como defendem os textos de administração.
Muitos conceitos em administração são direcionados para a realidade de grandes empresas, que têm estruturas complexas e burocráticas, com problemas de comunicação.
Não obstante, mesmo nesse
contexto de grandes empresas, a estruturação de valores formais de visão e
missão acaba sendo algo direcionado para o público externo, para investidores e
formalismo político. No dia a dia do funcionamento das organizações - quando o
acaso, problemas e interferências requerem decisões imediatas -, essa
formalização de valores tende a constituir obviedades ou mesmo passar impressão
de hipocrisia. Por exemplo, ter a missão de melhorar a situação dos
"colaboradores" e precisar fazer demissões para reduzir o quadro
("rightsizing" ou "reengenharia", conforme modismo
da ocasião).
Desse modo, considerando a
realidade das pequenas empresas - estrutura enxuta, com o desafio de operar com
o mínimo de burocracia possível -, considero essencial uma prévia análise para
adequar ou mesmo desconsiderar os conceitos disseminados na área de
administração, posto que normalmente esses conceitos são direcionados para
grandes empresas (são essas que pagam e promovem os principais autores/
consultores/ teóricos que definem esses conceitos).
Diante disso, repudio a
preocupação em estruturar conceitos de missão e visão para pequenas empresas.
Para mim, numa pequena
empresa, os valores são estruturados e percebidos pelas práticas do dia a dia,
pelo exemplo, não pela formalização. O que motiva as pessoas no ambiente de
trabalho não é um quadro na parede indicando missão e visão, mas a seriedade
com que a administração atua, com ética, esclarecimento, justeza no trato das
questões (que pelo menos procure esse direcionamento).
Em suma, o que entendo
relevante é que a realidade da organização simplesmente permita às pessoas o
entendimento de como as coisas funcionam (e que funcionem). Afinal, a pequena
empresa não precisa ficar impressionando acionistas, imprensa ou políticos,
devendo se concentrar apenas em realizar bem as suas atividades.