Dentre seus objetivos, a contabilidade deve proporcionar informações relevantes e fidedignas sobre a situação da organização aos diversos usuários (Marion, 2015, apud Stormowski & Wisniewski, s/d).
Não obstante, Lopes & Martins (2005) observam que, em geral, os textos costumam repetir o objetivo da contabilidade como fornecimento de informações aos usuários, mas desprezam as particularidades e necessidades desses, dado que a complexidade das relações humanas vai além do mero fornecimento de informações.
Além disso, Lopes & Martins (2005) observam que vários autores têm discutido o problema metodológico da pesquisa em contabilidade gerencial, que não está sujeita a padronização de processos regulatórios, o que, por outro lado, permite que diferentes aspectos possam ser considerados em seu objeto de estudo, incluindo linhas de pesquisas comportamentais, sociais e organizacionais. Enfatizam, ainda, que não cabe à pesquisa em contabilidade cuidar apenas do aspecto normativo, onde os pesquisadores determinam parâmetros dissociados das atividades normais das empresas. Nesse sentido, os autores enfatizam que o objeto de estudo da contabilidade gerencial deve ser a empresa.
Assim, Lopes & Martins
(2005) defendem a pesquisa empírica, destacando a necessidade de exploração do
papel da contabilidade na resolução de conflitos que afligem as empresas,
focando na realidade brasileira ao invés de apenas aspectos teóricos e
influências da literatura estrangeira.
Diante desses pressupostos, com
base no Censo de 2021, Moratti et al. (2022) constataram que a cada dez novas
empresas seis encerram atividades dentro do período de cinco anos. No caso de
micro e pequenas empresas, dentre os principais problemas que ocasionam
encerramento de atividades estão a falta de capital de giro, carga tributária,
concorrência, recessão econômica e problemas financeiros diversos (Ferreira et
al, 2011 apud Kruger et al., 2022).
Lopes & Martins (2005)
observam que a maior parte dos textos sobre teoria da contabilidade
simplesmente ignora a contabilidade gerencial, o que é atribuído à falta de
padronização das práticas gerenciais, dificultando o estabelecimento de
princípios e normas geralmente aceitos. Assim, afetada pelos interesses das
partes envolvidas, a contabilidade gerencial pode levar a conclusões
dissociadas da realidade da empresa. No entanto, os autores observam que a
contabilidade gerencial apresenta as mesmas etapas do processo contábil
tradicional (reconhecimento, mensuração e evidenciação), de modo que a maior
diferença está no ambiente tratado.
Cabe enfatizar, por fim, que
um erro comum na teoria da contabilidade gerencial é supor que as pessoas
envolvidas na empresa não tenham interesses quanto às decisões tomadas, sendo
ignoradas questões como o conflito de agência - os responsáveis pelas
definições de critérios da contabilidade gerencial acabam mesmo por influenciar
a distribuição de poder na organização (Lopes & Martins, 2005).
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